Sobre quem caga regra

Até quando vai existir gente caga-regra? Já criaram sindicato pra isso? Porque não é possível que há tanto tempo de uso de redes sociais as pessoas não tenham aprendido o que é individualidade, cada um posta o que lhe convier. Você não é obrigado a gostar, mas respeite. E não é porque você não gosta que tem ficar dizendo o que acha daquilo. Eu, por exemplo, acho um monte de gente feia e não fico cutucando elas pra dizer isso.

Tô cansada de um monte de gente vir até mim dizer que tô paranoica em relação a minha dieta, como se eu tivesse bulimia ou anorexia. Eu sou super de bem com o meu corpo e estava na paz com tudo até eu ficar doente. Eu não como salada porque gosto de brócolis, pepino, espinafre e rabanete. Eu não vou a academia porque quero ficar sarada e gostosa. Eu não leio rótulos de alimentos para verificar a quantidade de açúcar e gordura porque tenho anorexia. Eu faço isso por recomendação médica.

É óbvio que eu adoraria postar no Instagram fotos na churrascaria, Mc Donalds, cervejinha com os amigos e tudo aquilo que eu postava antes de ficar doente. É óbvio que eu adoraria postar passeios e lugares novos. Mas a vida mudou e rica não estou. Tenho gastos monstruosos com remédios, academia e plano de saúde. E não posso comer em fast food, virar copos de cerveja e nem abusar da carne vermelha se eu não quiser ter um piripaque. 

Quem está saudável não entende como é ser assim. Mas depois do susto que passei ano passado eu não quero mais viver aquele pesadelo. Não quero ter que sentir dores monstras, não quero ter que me alimentar a base de líquidos, não quero ter que passar mal no meio da rua, não quero ter que ir a vários médicos pra descobrir o que tenho, não quero fazer exames dolorosos, não quero emagrecer o tanto que emagreci por causa do que tive. 

E o que aconteceu comigo, pode acontecer com qualquer um que se alimente mal. Não foi distúrbio genético, foi efeito de um longo tempo comendo e bebendo mal. Tenho esteatose hepática (gordura no fígado), que se não tratada pode vir a precisar de transplante, caso o fígado pare de funcionar. Tive uma infecção no intestino que agravou o funcionamento dele. Tenho hérnia de hiato, que causa refluxo com determinados alimentos. O colesterol é alto, mas essa minha insana luta alimentar e física tá conseguindo controlar ele.

Aí eu digo: sou mesmo bitolada e paranoica com alimentos e vida saudável? Eu apenas estou cuidando de mim para que nada de mal me aconteça. É errado querer o melhor pra si? Querer viver bem? Se meus novos hábitos alimentares e minha nova rotina incomodam, é porque você é que é bitolado no seu modo de viver. 

Tenho amigos que postam de festas e bebedeiras, tenho amigos que postam comidas mega gordurosas, tenho amigos que só me convidam pra gordices, tenho amigos que são atletas e são bem mais saudáveis que eu! E eu não fico reclamando e cagando regra de que o que eles postam é um saco, chato, mesmo assunto. É a vida dele, cabe a mim respeitar! Se eu não gosto, acho chato, guardo pra mim. O que minha crítica vai mudar na vida dele, se o modo em que ele vive pra ele é o certo? Vai fazer com que ele tome distância, porque gente chata e reclamona ninguém gosta de ter por perto. 

Aí vem eu, desde setembro lutando pra voltar a viver numa boa (porque teve uma época que nem sozinha podia andar), e vem alguém criticar o que eu posto sobre vida saudável, sobre minha alimentação, sobre eu comentar que determinado alimento faz mal.

Se o alimento faz mal eu vou falar, cacete! Não vou impor a você que não coma, mas vou explicar o porque eu não como (porque na maioria das vezes acontece quando a pessoa me oferece e eu recuso, aí vem o "porque não?"). Se você quer comer no Burger King e pode, vá! Mas não fique me criticando por eu não comer. Não é porque sou magra que posso comer o que quiser.

Não é neurose, não é paranoia. É a minha vida atual, é a condição que eu tenho. 

Vejo o quanto é difícil para algumas amigas minhas se manterem em dietas quando pessoas a sua volta ficam minando suas forças. Porque uma cervejinha não faz mal, uma batatinha frita, uma coxinha...vai saber o que a pessoa tem e você fica lá empurrando ela pro buraco só porque você pode comer.

E mesmo que a pessoa só queira emagrecer pra ficar bem em um vestido, o apoio é fundamental. A pessoa toda feliz posta que foi a academia e correu 5km. Vem o troll e comenta que acha aquilo ridículo, porque ela está linda do jeito que é. Cadê o apoio? Negatividade não ajuda.

A pessoa passa a postar fotos da sua evolução e tem sempre um pra chamar de viciada, bitolada, neurótica. Cara, se você não mexeu sua bunda da cadeira pra fazer um terço do esforço que a outra fez, fica quietinho. A pessoa não tá postando foto vomitando depois de comer ou de um prato de salada porque tá a fim ou é modinha. Tem algum motivo por trás disso, respeite.

Aliás, isso de modinha também já ouvi: que posto fotos de academia porque todo mundo posta no Instagram. Aqui vai meu único comentário a respeito disso: desde setembro de 2012 minha alimentação é outra. Faço exercícios há meses, mas só agora em junho postei fotos minhas em uma academia por causa do Desafio Junho Fitness. Se não fosse isso ninguém veria nada. Então fica tranquilo que a partir de julho isso desaparece como sempre desapareceu. Aliás, se eu quiser postar, eu vou postar, porque o Instagram é meu.

Se posto de maquiagem, só posto isso. Se posto look, só posto isso. Se posto meus gatos, só posto isso. Se posto comida, só posto isso. Se posto academia, só posto isso. Nunca dá para agradar e não estou aqui para isso.

Mas exijo respeito e apoio se a pessoa te perguntar algo. Acho que ter alguém te sabotando é um saco, ainda mais quando a gente mesmo já tem motivos o suficiente pra se sabotar.

Eu não vou parar de postar ou comentar as coisas da minha vida porque desagradam. E amigas, mantenham-se focadas nisso também. O resultado vocês esfregam na cara dessas aí, se assim vocês quiserem.

*o seu recalque bate na minha barriga tanquinho e volta para o seu pânceps.*

ps: Vou nem entrar no mérito de ter marido personal e todo ligado em vida saudável.

BEIJOS