Episódio do dia:
Eu e o cego.
Estava eu no ônibus, sentada na janela, implorando por um vento fresco pra diminuir o calor e a suadeira que eu tava. Hoje o dia estava extremamente abafado! Saí da cadeira da janela e sentei na do corredor.
O ônibus não estava lotado, havia cadeiras disponíveis ainda.
Eis que entra um cego no ônibus e eu só percebi porque vi a vara dele. (haha sem maldade)
Tava ele lá segurando no ferro do ônibus e tateando a bengala de cegos dele. Nisso vi ele encostando nas pessoas do corredor pra sentir se tinha lugar, achei interessante essa forma de saber se tem gente, antes de sair sentando no colo de qualquer um. Nisso, eu que sou magrinha, levei um esfregão maior nele, porque ele ficou na dúvida se era eu mesma ou um pedaço do banco e seguiu mais pra trás. Fiquei na minha porque, né?Tava cheidi lugar!
Só que lá pra trás não devia ter lugar e ele ficou em pé no banco atrás de mim. Daí ouvi uma mulher falando pra ele: pede praquela menina te dar o lugar, tem lugar do lado dela. Ok.
Ele veio se esfregou em mim e ficou parado.
Sei lá, achei que ele tinha desistido de sentar e resolveu ficar em pé, porque ele só se esfregou!
E eu fiquei na minha, afinal cheidi banco e a mulher mandou eu sair da minha cadeira pra dar pra ele. Sendo que atrás dele, nos bancos do lado meu tava tudo vazio. Mas não, ele queria aquele lado.
A senhorinha me cutucou, vendo que eu não ia fazer nada e não ia! Afinal, ELE É CEGO, NÃO MUDO! Quem quer sentar, pede licença, explica a situação..não fica ali parado se esfregando!!!
Levantei, dei o lugar...as mulheres ficaram me olhando achando que eu tava de má vontade..mas né? Se ela tava disposta a ajudar porque ela não cedeu o lugar pra ele?
E fiquei em pé porque faltavam uns três pontos até o meu, que eu ia descer.
No segundo ponto, a mulher que mandou eu dar o lugar pro cara, levantou e desceu.
Nego quer que os outros façam boa ação, mas também nem faz!
Daí que fiquei refletindo enquanto não descia do ônibus: eu só conheci cego independente!Daqueles que pegam ônibus sozinho, pedem licença, arrumam onde sentar sem ajuda, daqueles que pedem ajuda pra atravessar a rua. Nunca peguei um cego que precisasse da voz alheia.
Daí vocês podem falar: ah, vai que ele também era mudo...
Nem era! A primeira coisa que ele fez quando sentou foi telefonar. Pegou o celular e ficou ali falando.
Duas coisas que pensei: como ele teclou e sabe que digitou o número certo?Deve ter comando de voz no celular, né? E como ele vai saber quando tem que descer do ônibus?
Eu realmente não sei lidar com cegos. Até hoje só ajudei a atravessar a rua. Mais que isso ainda é uma prova pra mim...
AHAAHA, que mole! Sei não hein,se esfregando tá mais pra cego tarado!
ResponderExcluirHUHEUEHEUEHUEHEUEHUEHEUHUEHE
ResponderExcluirSua sinceridade é algo que me comove.
Diboa.
Já passei várias situações com cego, de não falar que tinha degrau e tal.
bjss