Leiam:
"Um dos grandes males da humanidade, é a falta de percepção que as pessoas costumam ter delas mesmas. Não sei nem se é falta de percepção mesmo ou se é hipocrisia, sabe? Falsidade.
Acho que a grande merda, é a nossa sociedade ser "católica".
E um dos pressupostos do catolicismo, em minha opinião, é varrer as coisas para baixo do tapete. Seja abuso de freiras, assassinato de pessoas com fé diferente, abuso de crianças ou os próprios impulsos, o que importa é NEGAR. Acima de tudo, negar para si mesmo.
Afinal, é muito mais fácil apontar os defeitos no outro, colocar os holofotes nas "humanidades" do outro. do que encarar o próprio horror que se leva no peito.
A coisa chega num ponto em que a pessoa faz o que fala que você fez, e todos fingem não perceber, e ela mesma acredita que não está fazendo.
A minha sorte, e o meu problema, é que tenho uma essência diferente. Isso me faz a pessoa de relacionamentos "poucos e bons", a independente, a que não abaixa a cabeça.
Por alguns anos, estudei o Paganismo, organizei encontros pagãos e li sobre Deuses e reflexões interessantíssimas (aqui cabe dizer, que Pagão nada mais é do que aquele que vê a grande sacracidade da vida na natureza, nos animais e em mais de um Deus- para resumir de modo bem grosseiro).
Além disso, sou Virginiana. E os virginianos são, acima de tudo, extremamente conscientes de quem são, de seus defeitos e qualidades: é muito difícil convencer um virginiano de algo que ele não tenha feito.
E o que tem a ver o Paganismo com o signo de Virgem? Tem a ver que, em mim, isso criou uma personalidade que vê seus erros, que sabe que todo ser humano tem seu lado negro, seu lado sombra (aqui entra Jung) e não vê problema nenhum em aceitá-lo. Lado negro é a sua parte imperfeita. Aquela que as pessoas geralmente não aceitam. Aquilo que as pessoas querem doutrinar, sabe? O que elas acham que precisam arrancar de você.
Geralmente, é algo essencial, como sua liberdade, sua personalidade, sua autenticidade ou seu temperamento. Cada um com seu lado negro, não estou eu aqui defendendo quem faz mal aos outros, quem agride, quem não se controla, não é isso. Estou aqui defendendo o MEU direito a ter o MEU lado negro, aceitá-lo e ter até uma certa camaradagem com ele.
O foda é que ofende muito as pessoas quando você realmente se gosta como é. É quase um insulto, sabe?
Como ela ousa admitir ser agressiva e cortante com as palavras, quando eu sacrifico minha essência para não admitir? Como ela ousa ter noção do tanto que é intolerante e não querer mudar isso? Como ela pode querer ter personalidade, num mundo em que é muito mais fácil sorrir sempre, fingir que se gosta de todo mundo e vomitar maldades por trás de todos, quando desce o pano? Por que ela deixa tão claro de quem gosta e de quem não gosta, ao invés de fingir gostar de todos? Que burra! É, inteligente é você, fingindo gostar de todos e sair com quem lhe convém, como fazem as prostitutas.
Por que ela defende o próprio direito à individualidade, a não sofrer interferência nas suas decisões? Claro que ela também me deixa muito livre para escolhe o que quero fazer do meu dia, me deixa gostar e desgostar de quem e do que eu quiser, mas é diferente, né? Não, não é.
As pessoas são muito óbvias, muito cegas, muito superficiais, sabe? Elas ficam com a verdade que vier num embrulho mais bonito, porque o que vale nessa vida é o menor esforço, é ir com a maré. Elas não acham esquisito quando uma pessoa ataca a outra, contanto que ela não o faça de forma agressiva, que faça com voz doce e sorrisos dissimulados. Ainda mais se a outra OUSA ser tudo menos vítima, e aí fica difícil dar razão a qem não nega o que é.
Elas nunca, mas nunca param para pensar na coisa mais óbvia do mundo, que é a seguinte: quem hoje fala mal de mim, amanhã falará de você. Quem hoje quer tolher, amanhã será tolhido- se é que já não é. Quem aponta sua agressividade, deixa de fora o rabo da própria agressividade ao apontar para o outro. Quem traz tanto rancor e veneno no coração, só pode ter uma alma retorcida e podre.
Isso para mim é tão óbvio, tão óbvio, que já acostumei, sabe? E hoje, do alto da pessoa autosuficiente, forte, madura e amada (principalmente por mim mesma) que eu, graças aos deuses, me tornei, eu não sofro mais. Ou sofro rapidinho, como sofrem os calejados.
Uma das coisas que eu nunca me esqueço foi que, aos sete anos, eu ousei ganhar o coração de um menino que outra menina gostava. Fazer o que, ele gostou de mim. Não conseguindo destruir isso ou me destruir, a menina chamou todas as minhas amiguinhas e fez a oferta: daria balas Garoto a todo mundo que não falasse mais comigo. E todas as minhas amiguinhas me viraram as costas. T-O-D-A-S.
Hoje eu rio disso, mas a risada fica um pouco amarga quando eu vejo que isso ainda rola- com a diferença de que as balas Garoto de hoje em dia são mais doces. Quem encher a cara, topar todas as baladas e não tiver vida também. Quem tiver uma vida falsa e um sorriso fotogênico, pode até fazer com que um bobo da corte apareça algum dia, em algum recorte de qualquer merda. Quem tiver uma casa-albergue, dinheiro pra emprestar ou alguma posse, tem muitos pontos com as pessoas. Quem tiver sempre uma fofoca pra contar- seja literalmente da mãe, de pessoas que te acolheram ou de alguém que tenha uma vida mais interessante- vai ter muitas mariposas procurando luz nos respingos de maldade e deslealdade.
Esse é o mundo de hoje. Para algumas pessoas é um lugar que, ás vezes, oferece a chance infinita de vender a alma em troca de uma balinha barata, a chance de se sentir importante por alastrar o mal é a injustiça. O que me consola é que semelhante atrai semelhante.
E quem ousa não agir por interesse, não fingir amor e ser quem se é sem ter medo, merece ser colocado de volta no seu lugar. O problema, é que nunca conseguirão, pois o lugar é muito alto para suas mãozinhas curtas. Podem até causar um dissabor temporário, mas logo voltam para o lodo do esquecimento e terão que lidar com os buracos e feridas que o recalque corrói. Ou eleger um novo alvo.
As pessoas poderiam olhar com o mesmo cuidado,minúcia e tempo para o próprio lado negro, sabe? Seria tudo mais maduro, mais justo, menos hipócrita e tão óbvio. Queria muito que as pessoas aparentassem o que elas são por dentro, seria bem mais legal. E, á medida que fossem evoluindo, ficariam mais bonitos. Não teria como esconder a doença com verniz.
Vocês podem achar que sabem do que eu estou falando, mas não sabem. Não sabem, pois não têm como saber. Não falo de nada recente ou específico. Falo de coisas que sempre ocorrem, da fraqueza das pessoas que preferem um falso amor do que um gostar verdadeiro. Das que se vendem por hospedagem, jantares, fofocas, maldades. Das que confundem leve com leviana. Das que preferem criticar a reconhecer, fingir que não percebem, guardar os segredos, apontar os erros ao invés de amar.
Das que reduzem o que você faz a nada, das que esquecem de tudo o que você faz por elas da primeira vez que você ousar pensar diferente ou reclamar de uma atitude. Das que só vêem o seu lado negro, e esquecem que também são imperfeitas.
Enfim, às vezes bate uma dor, um sentimento de "we are spirits in a material world", mas logo passa. Porque eu sou daquelas que não conseguiria existir sem viver minha verdade e sem ser quem eu realmente sou. Que curte valores antiquados como consciência limpa, pensamentos expostos a quem lhes diz respeito, lealdade, desejo de crescer e evoluir espiritualmente.
E isso não tem preço, não tem mesmo. Não tem bala Garoto que pague.
E, de resto, fico com o Poeminha mais lindo que tem, o Poeminho do Contra, de Mario Quintana:
Eles passarão.../
Acho que a grande merda, é a nossa sociedade ser "católica".
E um dos pressupostos do catolicismo, em minha opinião, é varrer as coisas para baixo do tapete. Seja abuso de freiras, assassinato de pessoas com fé diferente, abuso de crianças ou os próprios impulsos, o que importa é NEGAR. Acima de tudo, negar para si mesmo.
Afinal, é muito mais fácil apontar os defeitos no outro, colocar os holofotes nas "humanidades" do outro. do que encarar o próprio horror que se leva no peito.
A coisa chega num ponto em que a pessoa faz o que fala que você fez, e todos fingem não perceber, e ela mesma acredita que não está fazendo.
A minha sorte, e o meu problema, é que tenho uma essência diferente. Isso me faz a pessoa de relacionamentos "poucos e bons", a independente, a que não abaixa a cabeça.
Por alguns anos, estudei o Paganismo, organizei encontros pagãos e li sobre Deuses e reflexões interessantíssimas (aqui cabe dizer, que Pagão nada mais é do que aquele que vê a grande sacracidade da vida na natureza, nos animais e em mais de um Deus- para resumir de modo bem grosseiro).
Além disso, sou Virginiana. E os virginianos são, acima de tudo, extremamente conscientes de quem são, de seus defeitos e qualidades: é muito difícil convencer um virginiano de algo que ele não tenha feito.
E o que tem a ver o Paganismo com o signo de Virgem? Tem a ver que, em mim, isso criou uma personalidade que vê seus erros, que sabe que todo ser humano tem seu lado negro, seu lado sombra (aqui entra Jung) e não vê problema nenhum em aceitá-lo. Lado negro é a sua parte imperfeita. Aquela que as pessoas geralmente não aceitam. Aquilo que as pessoas querem doutrinar, sabe? O que elas acham que precisam arrancar de você.
Geralmente, é algo essencial, como sua liberdade, sua personalidade, sua autenticidade ou seu temperamento. Cada um com seu lado negro, não estou eu aqui defendendo quem faz mal aos outros, quem agride, quem não se controla, não é isso. Estou aqui defendendo o MEU direito a ter o MEU lado negro, aceitá-lo e ter até uma certa camaradagem com ele.
O foda é que ofende muito as pessoas quando você realmente se gosta como é. É quase um insulto, sabe?
Como ela ousa admitir ser agressiva e cortante com as palavras, quando eu sacrifico minha essência para não admitir? Como ela ousa ter noção do tanto que é intolerante e não querer mudar isso? Como ela pode querer ter personalidade, num mundo em que é muito mais fácil sorrir sempre, fingir que se gosta de todo mundo e vomitar maldades por trás de todos, quando desce o pano? Por que ela deixa tão claro de quem gosta e de quem não gosta, ao invés de fingir gostar de todos? Que burra! É, inteligente é você, fingindo gostar de todos e sair com quem lhe convém, como fazem as prostitutas.
Por que ela defende o próprio direito à individualidade, a não sofrer interferência nas suas decisões? Claro que ela também me deixa muito livre para escolhe o que quero fazer do meu dia, me deixa gostar e desgostar de quem e do que eu quiser, mas é diferente, né? Não, não é.
As pessoas são muito óbvias, muito cegas, muito superficiais, sabe? Elas ficam com a verdade que vier num embrulho mais bonito, porque o que vale nessa vida é o menor esforço, é ir com a maré. Elas não acham esquisito quando uma pessoa ataca a outra, contanto que ela não o faça de forma agressiva, que faça com voz doce e sorrisos dissimulados. Ainda mais se a outra OUSA ser tudo menos vítima, e aí fica difícil dar razão a qem não nega o que é.
Elas nunca, mas nunca param para pensar na coisa mais óbvia do mundo, que é a seguinte: quem hoje fala mal de mim, amanhã falará de você. Quem hoje quer tolher, amanhã será tolhido- se é que já não é. Quem aponta sua agressividade, deixa de fora o rabo da própria agressividade ao apontar para o outro. Quem traz tanto rancor e veneno no coração, só pode ter uma alma retorcida e podre.
Isso para mim é tão óbvio, tão óbvio, que já acostumei, sabe? E hoje, do alto da pessoa autosuficiente, forte, madura e amada (principalmente por mim mesma) que eu, graças aos deuses, me tornei, eu não sofro mais. Ou sofro rapidinho, como sofrem os calejados.
Uma das coisas que eu nunca me esqueço foi que, aos sete anos, eu ousei ganhar o coração de um menino que outra menina gostava. Fazer o que, ele gostou de mim. Não conseguindo destruir isso ou me destruir, a menina chamou todas as minhas amiguinhas e fez a oferta: daria balas Garoto a todo mundo que não falasse mais comigo. E todas as minhas amiguinhas me viraram as costas. T-O-D-A-S.
Hoje eu rio disso, mas a risada fica um pouco amarga quando eu vejo que isso ainda rola- com a diferença de que as balas Garoto de hoje em dia são mais doces. Quem encher a cara, topar todas as baladas e não tiver vida também. Quem tiver uma vida falsa e um sorriso fotogênico, pode até fazer com que um bobo da corte apareça algum dia, em algum recorte de qualquer merda. Quem tiver uma casa-albergue, dinheiro pra emprestar ou alguma posse, tem muitos pontos com as pessoas. Quem tiver sempre uma fofoca pra contar- seja literalmente da mãe, de pessoas que te acolheram ou de alguém que tenha uma vida mais interessante- vai ter muitas mariposas procurando luz nos respingos de maldade e deslealdade.
Esse é o mundo de hoje. Para algumas pessoas é um lugar que, ás vezes, oferece a chance infinita de vender a alma em troca de uma balinha barata, a chance de se sentir importante por alastrar o mal é a injustiça. O que me consola é que semelhante atrai semelhante.
E quem ousa não agir por interesse, não fingir amor e ser quem se é sem ter medo, merece ser colocado de volta no seu lugar. O problema, é que nunca conseguirão, pois o lugar é muito alto para suas mãozinhas curtas. Podem até causar um dissabor temporário, mas logo voltam para o lodo do esquecimento e terão que lidar com os buracos e feridas que o recalque corrói. Ou eleger um novo alvo.
As pessoas poderiam olhar com o mesmo cuidado,minúcia e tempo para o próprio lado negro, sabe? Seria tudo mais maduro, mais justo, menos hipócrita e tão óbvio. Queria muito que as pessoas aparentassem o que elas são por dentro, seria bem mais legal. E, á medida que fossem evoluindo, ficariam mais bonitos. Não teria como esconder a doença com verniz.
Vocês podem achar que sabem do que eu estou falando, mas não sabem. Não sabem, pois não têm como saber. Não falo de nada recente ou específico. Falo de coisas que sempre ocorrem, da fraqueza das pessoas que preferem um falso amor do que um gostar verdadeiro. Das que se vendem por hospedagem, jantares, fofocas, maldades. Das que confundem leve com leviana. Das que preferem criticar a reconhecer, fingir que não percebem, guardar os segredos, apontar os erros ao invés de amar.
Das que reduzem o que você faz a nada, das que esquecem de tudo o que você faz por elas da primeira vez que você ousar pensar diferente ou reclamar de uma atitude. Das que só vêem o seu lado negro, e esquecem que também são imperfeitas.
Enfim, às vezes bate uma dor, um sentimento de "we are spirits in a material world", mas logo passa. Porque eu sou daquelas que não conseguiria existir sem viver minha verdade e sem ser quem eu realmente sou. Que curte valores antiquados como consciência limpa, pensamentos expostos a quem lhes diz respeito, lealdade, desejo de crescer e evoluir espiritualmente.
E isso não tem preço, não tem mesmo. Não tem bala Garoto que pague.
E, de resto, fico com o Poeminha mais lindo que tem, o Poeminho do Contra, de Mario Quintana:
Poeminho do Contra
Todos esses que aí estão/
Atravancando meu caminho,/Todos esses que aí estão/
Eles passarão.../
Eu passarinho!"
Nossa, adorei! Adoro pessoas q sabem transmitir seus pensamentos em forma de palavras. Quase todas as verdades do mundo contidas nesse texto.
ResponderExcluirObrigada, Pri, por fazer desse blog o meu "refúgio"... é onde venho qnd quero rir, qnd quero ler coisas q me façam refletir e qnd quero ficar + culta! Totalmente necessário pra mim! =)