agosto 01, 2012

Seis anos de saudade

Ainda lembro como ontem e essa lembrança ainda aperta o peito. Saí do trabalho mais cedo, fui para a casa do meu irmão, para o "outro lado da poça" e na barca eu estava apática, triste. Cheguei ao meu destino com a esperança me levando pela mão e a fé que me restava me aparando. 

Lembro de quando todos sairam da casa e foram na casa ao lado, da sogra do meu irmão e me deixaram com as crianças. A empregada saiu e fui olhar os meus pequenos: um brincava no quarto, enquanto o outro dormia. Deixei-os e vi a empregada escorada na porta da sala chorando. Quando ela me viu, virou e falou: ela se foi. Não entendi, perguntei de novo, afinal era impossível ouvir o que me foi dito. 
- Ela morreu. 
Procurei minha mãe sem saber por onde começar, fui até o quarto dos meninos e os abracei forte. Miguel sabia que algo tinha acontecido, não sabia o que. Procurei distrair ele e segurar minhas lágrimas. Quando minha mãe volta, chorando, me conta tudo e eu desabo. Na cozinha, sentada, senti raiva do mundo, das injustiças da vida, a tristeza havia sido minha companheira o ano todo e a pessoa que havia feito de tudo para colocar um sorriso no meu rosto, havia ido ao encontro de Deus.

Desse dia em diante eu mudei muito. Pra melhor e pior. Sei que deixei minha fé de lado, me afastei muito de toda esperança e confiança em Deus. Ela havia me dado todas as formas de se confiar e esperar, mas no momento que eu mais precisei que viesse uma ajuda, ela se foi. Me revoltei muito. Mas também passei a enxergar as vidas e atitudes dos outros de uma forma diferente. 

O ano de 2006 me trouxe grandes quedas e decepções, foi um período de recomeço e reconstrução. Fiquei com tudo que ela havia ensinado pra mim e carrego comigo, querendo ser uma pessoa melhor e ajudar os outros sem esperar nada em troca. Um dos seres humanos mais incríveis que conheci, há seis anos nos deixou. Deixou duas crianças lindas, inteligentes e educadas aqui. E cada vez que os olho a vejo. 

Sinto a falta dela em muitos momentos e é difícil ter um dia que não me lembre dela. Quem me viu chorar ao final da festa do meu casamento, pode não entender. Mas digo e explico aqui: no momento em que fui para o salão principal tocou a música que ouvi logo após o enterro. E a mensagem da música tocou tão fundo no meu coração, que eu não posso ouvir sem lembrar dela e chorar é inevitável. Lembrei dela, do que me ensinou, das vezes que me botou pra cima e de seus últimos conselhos. E me vi feliz no dia do meu casamento e sei que ela tinha responsabilidade nisso. Ela me ajudou a me reerguer. E eu ouvindo aqueles versos, chorei...de saudade, de agradecimento. 

Só quem a conheceu sabe o tamanho da pessoa que era ela. Uma revolução na vida de quem ela passasse.

Seis anos sem ela. A dor permanece, mas já não é a mesma. A saudade sim, está aqui. E só por estar, já me sinto melhor.

Priscilla
Priscilla

Mãe, esposa, jornalista e dona de casa. Adora cuidar do lar, de música e gatos. Aquela dos olhos coloridos.

2 comentários:

  1. Poxa.... passa rápido....
    As perdas são inevitáveis, todo mundo sabe disso, mas qnd acontece com a gnt deixa um vazio, dá um medo.... o jeito é aceitar e deixar só os momentos bons ficarem....
    Que td possa virar saudade a cada dia, sem a dor....

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  2. Nossa... que triste.... Não perca a fé em Deus não, pois Ele tem te sustentado até aqui...
    E, quem é ela? Tua irmã??
    Bjo e fica bem!

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