Opinião: Divórcio

Uma das notícias mais triste de se saber, pra mim, é de que um casal tenha se divorciado. É muito esquisito pra mim receber a notícia de que algum casal tenha desistido de tentar ficar junto, que tenha desistido de lutar pelo amor, que tenha desistido de apagar o passado e seguir adiante. É saber que um amigo está se separando e eu já fico triste. É como se no céu dois anjinhos que se uniram para formar uma relação nunca mais pudessem se ver porque os seres aqui da Terra tivessem decidido assim.

Já chorei muito com términos de namoros alheios quando eu era mais nova, mas não consegui chorar quando minha mãe anunciou que não estava mais casada com meu pai. Senti em todas as situações, mas as lágrimas só caem quando vejo sofrimento de uma das partes (no caso dos meus pais eu via o alívio, apesar da dor).

Depois de adulta pude entender melhor as relações e ouvi muitos argumentos de "mas se não tá feliz, porque ficar junto?". E eu sou da bandeira que diz "se não tá feliz, porque não faz ficar alegre?", porque eu sou daquela que sempre vê solução. Sim, há solução pra tudo, menos pra morte. Quando as partes estão dispostas a mudar, lutar e recomeçar tudo é possível. Mas não é o que vejo. Vejo desistência frente aos primeiros problemas. O mínimo se torna máximo e a comparação com outros casais passa a ser motivo pra se queixar.

Vejo muitos casais novos que se separam por imaturidade, porque um tem atitudes em casa que o outro não gosta. E ao invés de encontrar um equilíbrio, querem que seja feita a própria vontade. Casamento é ceder de ambos os lados, é ter paciência quando o que você quer é zunir o ser pela janela. É respirar fundo e pensar em outra coisa para não discutir de cabeça quente...onde há muita briga não há espaço para diálogo, ficam duas pessoas falando sem escutarem de verdade e refletir o que o outro tem a dizer. Querem  se defender, expor seus argumentos. Ouvir é muito importante. Encontrar solução ao invés de apontar problemas. 

A traição é um sinal de que algo não anda bem e não necessariamente está no casamento (que muitas vezes vai bem, mas a pessoa não tem maturidade e honestidade o suficiente pra dizer não às tentações). Às vezes o que vai mal é a cabeça da pessoa, que está em outro momento, que foi influenciada por circunstâncias ou porque não tem caráter mesmo. Tirando o caráter, tudo pode ser mudado. 

Não vou dizer se traição deve ser perdoada ou não, porque cada um sabe das próprias dores, mas sou do time dos que querem saber o motivo da traição. Quando não há motivo e envolve apenas caráter, não há muito o que lutar realmente. Mas sei de casos de traição onde a moça foi procurar outro por fetiche. O amor pelo marido existia, mas ela quis algo mais. Conseguiu, mas a merda tava feita e o casamento destruído. Imaturidade?!

Soube de outro caso onde havia amor, mas não paixão. O cara ao invés de largar a moça resolveu lutar e reconstruir a paixão. Passo a passo e lentamente ele conseguiu recuperar o fôlego da relação e estão juntos há uns bons anos. Ele não desistiu da história que tinham e também poderia ter procurado outra, mas optou por lutar pelo que tinha.

Encontrar alguém disposto a caminhar junto nessa vida já está tão difícil e as pessoas desistem tão fácil quando encontram.

Cada um sabe da sua dor, dos problemas que tem e sei que muitas optam pelo divórcio para se livrar do problema ao invés de consertar ele. Se o marido é um grosso e machista é preciso um trabalho de educação com ele, nem que para isso tenha que existir a interferência de uma terceira pessoa.

Aliás vejo casos onde os amigos, outros casais e até os familiares ajudam a salvar um casamento. Onde há maior entrosamento de amigos (principalmente casais) a desistência do divórcio é mais alta. Não estou dizendo que Grazi e Cauã não tinham amigos, por exemplo. Mas que o diálogo aberto facilita a tomada de decisões e há maior reflexões. Porque, lógico, há amizades e amizades. Há aquele que vai estimular o divórcio e chamar a mulher do cara de vaca.

É um ponto de vista muito meu esse. Não vou entrar na questão de envolver filhos e nas divisões de bens.

Vejo casamento como uma construção. Muita gente não tem paciência pra montar tijolo por tijolo e já querem uma casa pré-fabricada.

Casamento é coisa séria, não deve ser marcado como quem marca uma festa na boate. Não se diz que quer morar com alguém só porque quer vê-la todo dia. Na realidade, esse todo dia vai te testar pra saber o grau do amor. A taxa de divórcios é alta porque muita gente pensa no casamento até o momento da festa ou lua-de-mel. 

Por isso eu fico triste com a notícia de um divórcio, mesmo que qualquer parte tenha razão. Mas eu me chateio por quem quer que seja não ter lutado pra mudar essa situação. É como se os tais dois anjinhos fossem obrigados a irem para lugares opostos, mesmo querendo estarem juntos.