Meu trabalho me permite conversar com diversos empresários e gestores de grandes indústrias. No entanto, nada me dá mais prazer do que conversar com pessoas de setores que eu amo de paixão e entendo profundamente. Foi assim que aconteceu uma entrevista que fiz com Vincenzo Barrella, diretor e criador da Hits Speciallitá. Não parecia entrevista e sim um diálogo natural de alguém que era consumidora e conhecia a história da empresa. Ao final, Vincenzo autorizou colocar a entrevista aqui no blog, além do site em que trabalho. Então segue abaixo!
Após a explosão de venda em esmaltes a
partir de 2009, como vocês avaliam o mercado de esmaltes hoje?
Vincenzo Barrella: Em geral o mercado
de esmaltes e de cosméticos não está tão bom assim, ele está recessivo. A Speciallità
tem planejamentos e muito trabalho. Nós estamos muito bem com a linha GIO, mas
quando pensamos em outras marcas da nossa empresa e até no setor de esmalte em
si, ele não está tão bom.
Antigamente não tínhamos tantas coleções e
hoje em dia as pessoas aguardavam um lançamento com muita expectativa. Atualmente
esse cenário ainda existe?
Vincenzo Barrella: Em
2009 foi quando tivemos o boom de esmaltes - de venda e de cores. E a mulher se
permitiu usar a cor que quisesse. Isso movimentou a indústria e o leque de
cores. Mas da época dessa explosão comparado a hoje nós tivemos uma redução de
80%, porque subimos (o setor) rapidamente e ficamos em um patamar alto até
2012. De maio de 2012 pra cá houve essa queda e falo isso em nome dos meus
colegas esmalteiros. A classe média teve um ganho de renda, mas teve muito mais
gastos. E então passou a se endividar, com financiamentos, plano de saúde,
alimentação que ficou mais cara, tudo ficou mais caro. E passaram a ter outros
gastos como carro, internet, viagens...livre mesmo não sobra tanto dinheiro. O
dinheiro é gasto com as obrigações e os supérfluos vão ficando para depois. A
classe média que deveria estar rica, de certa forma está pobre. Ficamos muito
tempo pensando se nós éramos o problema, se eram as cores, porque ninguém está
comprando? Se for questionar o colega ao lado, tá todo mundo endividado. E essa
conta ainda vai durar uns dois ou três anos. O governo pegou aquele dinheiro
que nós tínhamos e nos fez gastar. Quando pegamos o nosso dinheiro e pagamos as
montadoras de carro, empresas de tv ou celular o dinheiro não volta para nós,
ele vai para fora e de quebra ainda ficam com os impostos que nós pagamos. Por
isso que o país não gira.
Os produtos que a Hits utiliza ela importa?
Vincenzo Barrella: Hoje muito pouco. Falando
nisso, nós não temos interesse e nem espaço para exportar.
Qual a frequência de lançamento de vocês?
Quantas coleções ao ano?
Vincenzo Barrella: Nós temos
acompanhado todas as tendências de moda e agora a Hits já lança tendências para
o verão, com cores novas. A GIO vem com linha de tratamento logo de cara, uma
base fortalecedora, óleo secante e outros itens que chegam ao mercado a partir
do início de agosto. A Hits tem mais de 240 cores e terá mais oito novas cores.
São umas 10 coleções por ano, sempre tem novidades, tanto da Hits, quanto da Sadok,
GIO e outros licenciamentos.
Como acompanham essa procura, já que os
consumidores estão cada vez mais exigentes?
Vincenzo Barrella: Procuro fazer uma pesquisa
muito intensa de olho em calçado, vestuário ou até fora disso. Olhar o óbvio
não traz novidade. Quando lançamos o tom de azul de “Frio na Barriga”, todo
mundo falou dele. Há uns quatro meses ele era um absurdo e ele é bonito,
tornou-se bonito. Moda é isso e atochar goela abaixo até que aceitem. No
entanto, quando esse atochado não é feito de forma bacana, ele desce, mas com
sequelas. O “Frio na Barriga” é um azul Klein, muito bonito, que tem uma luz.
Na unha ele é diferente. Ele foi muito importante para a personagem da Giovanna
Antonelli e para o mercado. Hoje a cor começa a nascer em calçados, roupas e
outros itens. Toda a coleção GIO foi estudada para ser despontada daqui pra
frente. O laranja vai voltar com tudo, na coleção da Giovanna vai ser lançada
agora, é um tom muito intenso.
Com quanto tempo de antecedência vocês
fazem esse estudo?
Vincenzo Barrella: De oito a seis
meses. A Hits elabora sempre uma coleção a frente da que está. Por isso nós não
copiamos, somos copiados.
Em relação as parcerias e licenciamentos,
vocês tão sempre inovando. Houve lançamento com novelas, personagens e agora
com a Giovanna Antonelli. Como é feita a escolha?
Vincenzo Barrella: Fizemos com Hello
Kitty, Marimoon, MTV. Mensalmente nos são oferecidos diversos nomes para
licenciamentos. Nós avaliamos se tem um apelo, nós tivemos alguns sucessos e
insucessos. Se você lança apenas por lançar, a vida desse produto é muito curta.
Mas quando você tem um porquê fica até fácil elaborar a cor. Nós fizemos cor para
a MTV com cores ligadas ao Rock, a Marimoon foram cores que tinham o jeito
camaleônico dela. A Hello Kitty já era algo mais delicado. A coleção das
Superpoderosas foi feita para mulheres acima de 25 anos, porque as meninas mais
novas não tiveram essa fase. O desenho está para voltar, mas esse nicho de 15 a
25 não viu o sucesso das garotinhas super-heroínas. Tivemos que fazer cores
para mulheres e não meninas. No caso da Giovanna estudamos o jeito dela e o que
tinha a ver com o público dela, que é muito eclético. Crianças e senhoras de
idade adoram a atriz.
O sucesso da coleção da GIO surpreendeu
vocês?
Vincenzo Barrella: Sim, surpreendeu, porque
viemos de um período recessivo. Nós acreditamos no trabalho que fazemos e
esperamos que tenha sucesso. Trabalhamos com a Giovanna há dois anos, sabemos
da força que ela tem e estávamos ciente do momento em que o mercado de esmaltes
se encontrava, mudamos o frasco para que ele chegasse a mais pessoas e se
tornasse mais barato. E foi uma explosão e é até hoje. Tem loja que o estoque
não dura muito. Quem achava, comprava para dar de presente. O preço em conta e
a raridade de se encontrar fez com que se tornasse um artigo presenteável.
Soube de loja que ia comprar na concorrente, porque estava sem o produto e
acabava vendendo o produto mais caro.
A que se deve o sucesso da coleção da
Giovana Antonelli? Há muito tempo não se via um frisson em torno de uma coleção
quanto essa.
Vincenzo Barrella: Trabalhamos quatro
meses em cima dessa coleção, pesquisamos muito, fizemos algo grande com 20
cores. Não existiam cores óbvias. Até o branquinho brilha na luz negra, o preto
tem partículas de brilho. Não tem nada comum. Foi tudo estudado com a moda,
antecipamos tendências. E o bom é que fica, porque não é edição limitada.
Como vocês lidam com coleções limitadas,
ainda mais quando faz muito sucesso?
Vincenzo Barrella: É muito ruim
trabalhar com edição limitada. O da MTV teve o problema da própria emissora,
ninguém esperava. Eu adorava MTV sempre quis trabalhar com eles e quando fechamos
a parceria o negócio não estava tão bom. E com as novelas temos que acelerar
produção, porque uma novela dura seis meses. A da GIO não é limitada, não tem a
ver com a personagem e sim com a atriz. A parceria com a Pop Up Store deu
ideias muito boas, mas acabou. Já a Hello Kitty não deve continuar conosco, não
deu tanto sucesso.
A que você atribui esse não sucesso?
Vincenzo Barrella: Fizemos um frasco
exclusivo, atraente, mas associaram à infância. E não há nada que diz que é
para crianças. Hello Kitty não é uma coleção que trabalha por si só. Quando se
compra uma licença você também espera que o licenciado se venda e não foi o
caso. Apenas a gatinha não foi garantia de sucesso. Você ama a personagem, mas
não vê propaganda dela por aí. Os poucos eventos que tiveram da Hello Kitty não
foram suficientes para atrair o público aos esmaltes. Já a Giovanna Antonelli
por si só vende o produto, ela veste a causa e promove o esmalte. Ela tem
carisma, ele não é uma mentira, não é moda para se aproveitar de um nome. No
caso de um licenciado que não trabalha o próprio nome eu trabalho sozinho, a
função de divulgar cabe a mim.
A embalagem da Hello Kitty foi
diferenciada. Vocês pensam em fazer algo do gênero com outro personagem?
Vincenzo Barrella: Tivemos que fazer
dois milhões de embalagens da Hello Kitty e ficou boa parte encalhada. Foi um
trabalho de dez meses, a própria Sanrio foi exigente, tivemos cuidado com
muitas coisas. Eu fico chateado que não tenha existido tanta procura. A
embalagem foi feita na Índia, atravessou o mundo e não foi tudo isso, uma pena.
A divulgação se fosse feita de ambas as partes teria sido um sucesso. Imagina
se tivéssemos algo do tipo na coleção da Giovanna? Teria vendido milhões e
milhões. Mas não dá para trabalhar sozinho em um licenciamento. As cores não
são feias. A própria linha Sadok tem frasco exclusivo, a própria Hits possui um
design exclusivo. É que quando se tem um tema fica fácil trabalhar. Design
muito elaborado só é ruim de envasar, de pôr em uma máquina. A Hello Kitty é
feita manualmente.
Vocês pretendem continuar a investir em
marcas licenciadas para o público infanto-juvenil?
Vincenzo Barrella: Não. Se nós tivermos
uma proposta que tem sentido, avaliamos. Nem sempre aquela ideia que você tem
faz sucesso. A GIO nem imaginávamos, mas teve um retorno muito rápido.
Vocês pensam em fazer licenciamento com
outros artistas?
Vincenzo Barrella: Não, diretamente
não. Temos uma conduta ética com o artista que temos licença no momento. A
mesma verdade que eu levo para o público, eu levo para o parceiro. A Giovanna é
uma sócia que trabalha muito bem e o céu não é o limite. Trabalhamos muito bem.
O tempo todo recebi propostas de outras atrizes, mas eu não posso querer
abraçar o mundo. Tem quem fale “Ela vai sair da novela agora, pega outra”, isso
não é legal. Eu quero ser muito fiel e o que eu planto eu recebo de volta.
Vocês tem algum esmalte voltado ao público
teen?
Vincenzo Barrella: A Hits é uma marca
jovem, tem uma coleção muito teen. Ela é uma marca nova, vai para 13° ano, ela é
uma menina. Quando nascemos, algumas consumidora adotaram nossa marca. Então
tínhamos aquela garota jovem que vai crescendo. Nossas coleções tem ficado mais
ricas, porque estamos crescendo. Nós estamos tentando manter a alegria da
juventude, com a elegância da mulher. Não focamos no teen, porque fazemos tudo
para os dois públicos: adulto e adolescente.
Houve
uma coleção que lançamos apenas glitter e teve um frisson por esses brilhos,
todas as marcas lançaram e já estava cansativo. Foi quando chegamos à conclusão
que sabíamos fazer cores, então demos uma parada nos efeitos. O glitter era
muito associado ao adolescente.
E para o público infantil, você pensam em
fazer alguma coleção?
Vincenzo Barrella: Quando se fala em
esmalte para crianças nós temos que tirar formol e tolueno, que já tiramos, mas
também temos que tirar os solventes. Então ficamos com um esmalte à base
d’água. O esmalte à base d’água ele tem um cheiro e aspecto de uma cola. Ele
vai reagir para sair a uma certa temperatura e normalmente é em torno de 35
graus. Se você põe na água fria ele não sai, mas na água quente ele é retirado
mais fácil. Se eu fizer um esmalte que fique dois ou três dias na unha o
cliente não vai gostar. Ele é um plástico mais sensível que risca e perde o
brilho muito mais fácil. Comercialmente esse esmalte não vende. Não existem
muitos pigmentos que trabalham em base d’água, portanto ficaríamos presos a
cores primárias. Quem vai comprar esse esmalte? Ele muda a cor muito rápido,
ninguém compra esmalte manchado.
Esse processo de ficar manchado não é por
causa da validade?
Vincenzo Barrella: O esmalte tem
validade de dois anos, se não abrir ele pode ficar uma década, mas o aspecto
não ajuda. E aí ele tem esse problema de decantar ou criar aquele óleo que fica
em cima. Aquilo é sedimentação, é química, eles ficam separados, mas eles tem
que se juntar para formar o produto que você quer. Aí a loja devolve o produto
para nós, porque os compostos se separaram. Dois anos não quer dizer que eu
fabriquei e pode ficar para venda durante dois anos, o produto não fica seis
meses.
Como é a questão da composição 3free para
vocês? Pensam em tirar esses componentes da fórmula?
Vincenzo Barrella: Tiramos os grandes
causadores de alergia, mas não divulgamos. Nós dizemos que é 4free, porque
tiramos quatro componentes: cânfora, tolueno, dibutilfitalato (DBP) e
formaldeído. O formol e o tolueno são solventes que ajudam na fixação e
durabilidade do esmalte. Por isso que o esmalte chamado hipoalergênico ele tende
a resistir muito menos e decantar muito mais rápido. Conseguimos criar um
esmalte que tenha a mesma durabilidade sem esses componentes.
Vocês tem algum segmento de linha premium?
Vincenzo Barrella: Nós fizemos uma
linha da F*Hits, que tinha um frasco quadrado, tampa anatômica e apanhamos,
principalmente de blogs. Eles diziam que não pagariam R$15 em um frasco. As
mesmas pessoas que pagam R$90 em um Chanel ou R$30 em um O.P.I. Aí vem uma
empresa nacional, que faz uma coleção legal próxima a um Chanel, com pincel
trincha, tampa removível, põe uma marca legal e quer vender por quanto? E
acabou saindo de linha, não dava pra manter uma coleção que não tem saída. Tem
que ter muito Marketing em cima. Sabíamos que existiam algumas pessoas tinham
rejeição com algumas meninas da F*Hits, mas a maior parte dos consumidores não
sabe quem são elas. Quem tá na rua não sabe quem são as blogueiras da F*Hits,
mas 90% dos consumidores comprava pelo frasco e marca. A rejeição veio pelo
preço, assim como teve rejeição a primeira leva de esmaltes da Giovanna Antonelli,
não vendeu 1% do que vendeu essa coleção, porque era mais cara.
Tivemos diversas tendências no mercado de
esmaltes como holográficos, flocados, glitter de todos os tamanhos, craquelados
e foscos. Vocês ainda apostam nesses efeitos?
Vincenzo Barrella: Eu aposto em um que
adoro - e uma empresa estragou - que é o flocado. Ele quer parecer glitter, mas
não tem a mesmice do glitter e não tem espessura. Ele dá um efeito bem bacana e
poucas marcas exploraram isso. Uma delas colocou o preço a R$2, não teve gosto
para criar e banalizou o produto. Como eu poderia pagar U$S 2.500 o quilo do
material e cobrar R$2 do consumidor?
Em
2010, uma marca divulgou que seria a primeira empresa a trazer o esmalte
holográfico ao Brasil. Aquilo foi desagradável, porque a primeira marca que
iria trazer o holográfico seríamos nós. Eu fiz a importação e na época foram
seis quilos e enquanto eu estava esperando chegar, esse vendedor vendeu a ideia
do holográfico para essa outra empresa. Foi então que ela começou a divulgar no
Twitter que seria a primeira a trazer o holográfico. Mas eu sabia que ela não
ia ter, quem teria era eu.
Quando
eu recebi nas minhas mãos o produto eu vi que ele não causava o efeito que
prometeu na compra. Aí eu falei que passava, que não trabalhava com porcaria. E
ficaram falando que eu perderia o espaço de ser o primeiro a lançar esmalte
holográfico. Mas eu não iria oferecer o produto errado. Foi aí que eu passei e
a tal marca pegou. E apanhou muito dos consumidores.
Eu
corri pra achar algo que realmente fosse o que eu queria e achei por U$S12 mil
e no outro era U$S2.500. Olha a diferença. Aí depois uma terceira marca entrou
e banalizou o mercado de holográfico, por isso praticamente paramos. Mas o
custo em repor estoque não tem valido a pena. Cada um quilo eu pago hoje R$23
mil. Está sendo fabricado, porque é um clássico, mas você leva fama de ser
careiro e não é isso. Eu fui um dos primeiros a importar glitter de vários
tamanhos, mas em seguida todos fizeram. E quando todos fazem percebemos que é hora
de mudar.
Já
o fosco ele é um pouco ingrato, porque ele deixa um efeito incrível, só que em
dois ou três dias o esmalte fica com aparência de velho. Nós fabricamos essa
cobertura, as pessoas gostam muito, só não dá para criar um esmalte exclusivo
com esse efeito. Deixo a cobertura para quem gosta – e ela é muito bonita,
passa elegância. A Hits tem ainda algumas cartas na manga de lançamentos para o
futuro, mas vamos deixar passar essa febre do glitter primeiro.
Tem algum outro destaque de efeito ou novidades?
Vincenzo Barrella: A linha Sadok tem
mais de 500 fios, apesar de que a Hits tá vindo com 600 fios agora. A olho nu
parecerá o mesmo, mas é que eles são mais finos, portanto proporcionam um
brilho muito maior. A coleção GIO já é vendida com esse formato, tem alguns que
também são, mas como não são todos, ainda não divulgamos.
O público da Sadok é o mesmo da Hits?
Vincenzo Barrella: Não, é um público
mais exigente. E a Sadok tem uma coleção bem mais elegante, vanguarda.
Vocês tem presença em feiras de beleza?
Vincenzo Barrella: Participamos apenas de feiras nacionais. O mercado internacional ainda não vejo tanta vantagem, porque quando se vende lá fora você tem que fazer uma produção exclusiva para ele. Eu vendi GIO para Portugal, a cor e vidro são os mesmos, mas o rótulo tem que ir com especificações e informações do comprador de lá e ainda fica parada 30 dias aqui esperando um navio.
Qual a posição da Speciallità no mercado
nacional de esmaltes?
Vincenzo Barrella: Eu nunca me
preocupei em fazer essa pesquisa. Eu repito um ditado de um holandês, que
conheci em Holambra, que gosto de falar. Ele ficava me dando dicas, de como
teve sucesso, até que eu perguntei “Você está me dando as suas dicas, você não
tem receio?” e ele me respondeu “O meu maior concorrente sou eu”. Então eu não
me preocupo com a concorrência, mas falo isso sem ar de arrogância. É porque eu
tenho tanto trabalho aqui dentro e tenho que fazer tantas pesquisas, que ficar
marcando o que os outros estão lançando vai acabar me atrasando. Se a líder de
vendas lança uma cor que faz sucesso eu não vou copiar. Não é legal, eu senti
na pele ser copiado. O público tá vendo. Você quer a que lidera, quem faz
novidade ou a que copia? Se você quer preço, você não vai ter na Hits isso. A
Hits não é um produto barato de cesto, porque trabalhamos muito em oferecer
qualidade.
Como é disputar um mercado que vem
crescendo muito e surgindo novas empresas?
Vincenzo Barrella: Quanto a quantidade
não tem problema. O que tem problema é concorrência desleal. Qual é o segredo
de fazer esmalte que custa R$1? Qual o segredo daquele que custa a metade e se
parece com o nosso? Será que isso tudo está no meu bolso, será que sou eu que
sou ganancioso? Eu não tenho um microfone para estar anunciando nas lojas. Aquela
mulher que procura preço ela não tá preocupada com a saúde dela ou com
sonegação fiscal, ela quer a cor e o preço. Enquanto nós tivermos essa cultura,
não vamos pra frente. Por isso eu não me preocupo com o concorrente. Se eu
lanço um esmalte que custa R$2,50 tem aquele concorrente que vai vender pela
metade do preço. E eu vou continuar a manter meu preço, pagando todos os
impostos.
Qual a expectativa de faturamento para
2014?
Vincenzo Barrella: O que eu posso dizer
é que hoje nós recuperamos 2013, que foi um fiasco. O ano de 2014 está sendo
abençoado para mim e meus funcionários. Eu não vejo que a Hits cresceu muito,
eu vejo proporcionar emprego para muita gente. Eu compro uma máquina para gerar
mais empregos, fazendo isso eu ganho de volta. Eu sou esse tipo de empresário,
que eu quero crescer e vejo um ano muito bom. Esse ano de 2014 foi o melhor ano
para a Hits, eu consegui recuperar o fiasco do ano passado. Isso foi muito bom
para nós – empresa, funcionários, Giovanna. Por isso eu fico feliz, porque eu
não lancei um produto de moda, que acabando a novela ele finda. A GIO Antonelli
é uma marca nova, de muito bom gosto, nós vendemos bem e geramos emprego! Tem
loja que não tinha movimento e quando chega a coleção da Giovanna vende pra
caramba e vende outros produtos. Ouvimos isso de diversos lojistas. Não é só
vender, é ter missão cumprida. E nós temos, porque todos os extremos estão
satisfeitos e não fazemos nada desleal.
Qual é a maior divulgação de vocês?
Vincenzo Barrella: Hoje
em dia qualquer coisa é meio de divulgação. O melhor meio de divulgação é o
boca a boca, eu escutava isso há anos. O boca a boca há dez anos demorava
muito, hoje ele é imediato, porque é o Instagram e o Facebook. E muitas vezes nós
apanhamos e não conseguimos falar. Mesmo nesse auge de Giovanna, a cor “Frio na
Barriga” foi um boca a boca sem tamanho. Só que tinha gente que dizia que nós
não entregávamos, porque estava sem o pigmento, que não entregávamos porque
estava quebrando, escutamos muita mentira. O boca a boca é bom, mas também é
mentiroso. Houve um blog que divulgou que nós não tínhamos para entregar, eu
fui lá e fiz a minha defesa. Nem sempre as lojas acreditavam que venderia muito
“Frio na Barriga”. Ao invés de pedir mil, pediam 200. Quando chegava na loja
não duravam uma hora. Aí ele dizia que a empresa não estava entregando, ele não
assumia a responsabilidade de dizer “eu não acreditei no sucesso e comprei
pouco”. Aí o lojista corria aqui e colocava outro pedido, solicitando mais 600.
Nós tentávamos vender mais mil, dois mil e ele dizia que 600 era suficiente. Aí
demorava 15 dias para chegar e falavam que nós é que não entregávamos, que nós
não tínhamos capacidade de produzir. E corre muito rápido essa mentira.
Como é a relação de
vocês com esses blogs?
Vincenzo Barrella: É
bom, mas alguns começaram a ficar arrogantes. Você põe o que você quer e na
chamada você já está tendenciando o caminho dos comentários. E tem a questão da
moderação, se eu faço uma defesa, o dono do blog põe se quiser. O problema está
em quem não tem um trabalho jornalístico de ouvir as duas partes. Esse é o
problema de alguns blogs, que eles não dão abertura pra defesa, porque muitas
vezes a defesa vai contra o que ela tendenciou. E muitas não assumem mudar de
postura. Em alguns casos tive que apelar para advogado, mas nesses foi porque
era tendencioso demais e não quiseram expor minha resposta. Por isso a Hits é
vista poucas vezes em blogs. Mas não falar da marca também é se mostrar
desatualizado e ficou mal nessa época de “Frio na Barriga”. As pessoas
perguntavam lá e não respondiam, mas não é porque eu não permito. Eu já falei para alguns mudarem a postura
como falam, porque precisa sobreviver. E eu vejo tanto linguajar feio,
destruindo uma marca. Se uma empresa errou ou falhou em determinada coleção,
não precisa malhar ela. Vamos falar mal, mas vamos falar o que deixou de bom. O
Reclame Aqui é um lugar que você apanha e as pessoas não querem saber da sua
defesa. Outro dia uma mulher disse horrores para nós por lá e no final quando
disse o nome da cor era de outra marca. Liguei para ela, expliquei e ela pediu
desculpas. Mas pergunta se ela apagou o comentário lá? Mas também tem muita
blogueira boa, bacana, que faz um trabalho legal, com essas eu tenho gosto em
trabalhar.
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Entrevista cedida em julho para uma matéria sobre esmaltes criada por mim e reproduzida aqui. O blog não possui parceria com a Speciallitá. O contato foi intermediado pela assessoria de imprensa da marca.
nossa, bem legal o post! eu AMO a hits faz tempo, os esmaltes deles sao simplesmente incriveis
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