Existia um tempo em que eu não era tão desconfiada. Eu acreditava nas histórias mais fantasiosas que me contavam e me transportava para lugares que eu nunca havia ido. A criatividade sempre foi meu forte, também pudera. Era a caçula de cinco filhos, todos com idades distantes da minha. O mais velho tem diferença de 17 anos, depois outros de 15, minha irmã com 13 de diferença e outra com quatro. Muitas vezes eu brincava sozinha e eu tinha que inventar algumas companhias e brincadeiras possíveis de se fazer solo. Outras, eles me acompanhavam, mas como eram mais velhos, eu é que tinha que acompanhar a mentalidade deles.
Isso me fez crescer rápido demais intelectualmente, apesar do meu pai dizer que eu já nasci sabendo. Alguém me disse uma vez - não lembro se parente ou não - que meu olhar quando bebê transparecia uma sabedoria de um ancião, como se eu já viesse com a bagagem da vida e estava apenas a observar. Que seja, conviver com pessoas mais velhas me fez ter uma cabeça mais madura, diferente das crianças da minha idade. Ainda que eu brincasse de todas as coisas que eles, eu não tinha paciência para fricotes, choramingos e birras. Caiu? Levanta sem chorar. Eu tinha pavor de criança birrenta, ainda que eu fosse em alguns momentos.
É, eu sou geniosa desde sempre. Minha mãe diz que eu era um anjinho, doce e meiga até os quatro anos. Depois que entrei para a escola eu passei a ser revoltada e falar sem parar, além de reclamar muito. Essa tendência de mudar o que precisa ser mudado está no meu mapa astral, inclusive. É enfiar o dedo na ferida, fazer arder, para depois curar e deixar uma cicatriz para te lembrar o que te faz mal.
Com humildade eu digo que sempre deixei minha marca por onde passei e nas pessoas que me conheceram. Seja incentivando, dando força e coragem para mudarem o que precisava ser mudado, correr atrás de seus sonhos e alcançá-los. Isso desde pequena. Nunca fui de ter muitos amigos, eram sempre poucos e bons - muitos estão comigo até hoje. Na escola era conhecida por todos os funcionários, porque meus irmãos também estudaram lá e me viram ainda na barriga da minha mãe.
Era boa aluna, mas não uma excelente. Estava longe de ser CDF, eu falava demais, pensava rápido demais e achava matemática chata desde que me entendo por gente. Sempre gostava de aulas de português e história. Minhas redações eram sempre as melhores, mas meus trabalhos de arte ficavam a desejar. Há poucos anos um amigo de infância me descreveu como a bonequinha delicada da turma, porque eu me recusava a brincar de coisas mais agressivas ou das quais eu poderia me machucar. E isso é verdade, mas não por delicadeza, eu sempre preferi observar. Gostava mais de brincadeiras criativas.
Outro detalhe é que desde sempre eu acolhia os excluídos da turma, aqueles que ficavam mais solitários por algum motivo idiota que outra criança inventou. Eu sempre era amiga dos populares da turma, mas nunca me considerei uma. Sempre me senti o peixinho fora d'água, porque não era dada a falar com estranhos e os outros eram. Eu falava demais (e falo) apenas com quem conheço e confio.
Sempre curti música e os vinis, CDs e K7s rolavam solto na minha casa. Além de Xuxa, Angélica e Mara Maravilha, curti Eliana e seus dedinhos. Eu brincava de teatro e apresentava as histórias que eu mesma criava para a família e pessoas do prédio de uma amiga. E os desenhos animados? Adorava Ursinhos Carinhosos, A Nossa Turma, Pica-Pau, Tom & Jerry, Looney Tunes e também assistia Jiraya, Jaspion, Cavaleiros do Zodíaco e Power Rangers. Óbvio que Chaves e Chapolim eu via desde feto!
Como toda criativa, meu programa preferido mesmo (depois da nave da Xuxa partir) era Rá-Tim-Bum e depois passou a ser Castelo Rá-Tim-Bum. Lembro que uma vez a TVE (TV Cultura na época também), foram na minha escola algumas vezes nos filmar para gravar depoimentos e situações da escola e eu sempre aparecia na tv. Uma pena que nunca avisavam quando passaria e minha família só ficava sabendo tempos depois por algum conhecido.
Eu sou do tempo que brincava na rua e conhecíamos todas as crianças! Apesar de ter nascido e ser criada em apartamento, não me sinto presa. Conhecia todo mundo da rua, todos os porteiros, pessoal do bar, da mercearia, da padaria, banca de jornal e loja de doces. Éramos uma grande turma de crianças que se juntava apenas com o intuito de se divertir, sem intrigas, sem fofocas, nem nada. Tínhamos algumas rivalidades, mas era engraçado!
Eu morava em Copacabana e sempre tinha a oportunidade de ir à praia e montar meus castelinhos, fazer piscininha ou "bolo de chocolate" com areia molhada. E eu também morava perto da Lagoa e tinha aquele parque imenso para meu lazer. Foi lá que aprendi a andar de patins, amor que carrego até hoje comigo.
Tive bichos de estimação tanto quanto eu quis. Os gatos foram os primeiros que tive e com eles aprendi o que é respeitar o espaço alheio. Carrego cicatrizes até hoje que eles me deixaram. Tive cachorro, hamster, coelho e periquitos. Foi essa liberdade de tê-los e de me relacionar com eles sem fricotes que me fez amar tanto os animais hoje.
Não sei exatamente quando que me infância acabou - se é que acabou - porque eu a aproveitei tanto e por muito tempo. Acho que até meus 14, 15 anos eu ainda brincava de boneca, brincava na rua com a galera e mantinha hábitos infantis. Eu a vivi intensamente e sei que a cota foi cumprida.
Nesse Dia das Crianças eu quero olhar para trás e dar um abraço imaginário na mini Pri, que também passou por momentos tristes na infância e que se lembra até hoje, mas faz deles menores, porque a felicidade sentida e vivida foi maior do que isso.
Feliz Dia das Crianças, mini Pri!
ai que lindas fotos! adorei saber mais sobre sua infancia
ResponderExcluirbom final de semana pri
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Eu também já fui como você, quando se é criança se acredita até em papai noel, vemos a vida cor de rosa, tenho muitos irmãos também mas tive uma infância e adolescência que tive que amadurecer mais cedo, minha mãe trabalhava e eu que resolvia tudo com apenas 13 anos de idade, reunião nas escolas dos irmãos lá estava eu, contas no banco para pagar, isso sem ser a mais velha, eu sempre fui esperta e ponderante desde pequena. Realmente lhe acho super inteligente acho que é isso que me atrai em você, calma adoro o sexo oposto, quando faço algum relato penso ela tem uma sabedoria....cuidado com o português...Também tenho o gênio forte me fez algo mando logo para PQP mesmo que em silêncio, a indiferença é o melhor remédio, não nos causa rugas,kkkkkk Teve uma época de minha vida que achava que todo mundo era amigo, até que a decepção me fez afastar de muitos e hoje conto nas mãos, quando era pequena por sermos pobres, éramos bolsistas e como não tínhamos brinquedos, roupas e materiais escolares dos que podíamos sofri com os amiguinhos me lembro até hoje que as meninas não queriam me dar a mão para as brincadeiras da escola como roda, ou outros tipos, só que tinha uma menina era a mais bonita ela sempre era a meu favor você me fez lembrar dela. Eu sempre morei em casa até hoje falo com as pessoas tanto no local em que trabalho como aonde moro, ser simples e educada faz parte de cada ser. Eu quando criança fui criada em Laranjeiras nossa como brinquei no Parque do bairro, íamos a praia todo final de semana, tive uma infância boa, fui criança até os 16 anos, eu nem ligava para namorar achava os meninos uns chatos, não tenho até hoje a menor paciência, perco o interesse rápido, acho que é pelas idiotices. Priscilla suas fotos estão lindas, tão bom o momento em que tudo parece um conto de fadas e não precisamos nos preocupar com nada. Bjs.
ResponderExcluirQue post emocionante Priscila. Tb tive uma infância feliz, era geniosa, briguenta no meu prédio. Detestava matemática e até hoje não entendo direito essa matéria. A gente leva lições boas dessa época tão feliz.
ResponderExcluirFeliz dia da criança.
Big beijos
Lulu on the Sky
Que lindo! Sorriso surgiu aqui a cada parágrafo, a cada novo caso....
ResponderExcluirNão tenho mts memórias da minha infância...não se se foi por causa da sequela da meningite ou se foi um bloqueio meu msm por ter mts momentos não tão bons.