A Louca da Casa é um livro para quem pensa em escrever um. Para minha surpresa, ele fala diretamente para mim, que sempre quis escrever minhas próprias histórias e nunca tive tempo. Aliás, foi logo após insistir na leitura que me deparei com a observação de um escritor que escreveu uma obra completa no metrô digitando no celular. Foi um tapa na cara e um propulsor para continuar nos outros capítulos. Com exemplos de outros escritos mundo afora, a autora relata os prazeres e agruras de se trabalhar com isso, fala da vaidade, do polo criativo que temos, cita exemplos da própria vida e inclui romance entre uns e outros assuntos.
Há uns poucos diálogos, o texto em si é muita narrativa. Pensamentos e vivências de Rosa Montero.
Uma das coisas que me chamou bastante atenção foram algumas semelhanças entre a vida da autora e a minha. Quando ela fala de ser jornalista e ser escritor eu me vejo nos pensamentos dela, afinal minha paixão desde sempre é escrever e criar histórias (ainda que eu não publique nenhuma).
'A Louca da Casa' fala da literatura e dos seus materiais, dos escritores com suas histórias e personagens, da imaginação e da narrativa ficcional, enfim, fala sobre tudo aquilo que deveríamos encontrar em um ensaio. Entre os escritores mencionados desfilam a fina flor das letras de todos os tempos: Goethe, Balzac, Eliot, Wilde, Dumas, Dostoievski, Tolstoi, Kipling, Melville, Twain, Rimbaud, Robert Walzer, Zola, Voltaire, Calvino, Greene, Truman Capote e pencas mais, além de nome ainda pouco conhecidos como o de Enrique Vila-Matas, a quem temos o prazer de sermos apresentados. Enfim, ficção, ou uma fabulação sobre os inventores de fábulas, como ela mesma nas quatro variações para o seu romance com um ator de Hollywood. Assim é este estupendo livro de Rosa Montero, que no seu funcionamento vai revelando como a vida de qualquer um de nós não funciona de modo diferente das narrativas ficcionais. Em comum, a imaginação, que Santa Teresa de Jesus chamou de 'a louca da casa' (que ordena e desordena), e da qual nos valemos a cada momento para nos contarmos a nossa própria história, para que esta seja mais rica, intensa e colorida e, sobretudo, mais tolerável.
Ler é uma delícia, né?
ResponderExcluirEsse ano ainda não comecei nenhuma leitura. Que vergonha rs
bjo