As mulheres estão cada vez mais empoderadas de suas escolhas, ainda que falte bastante chão para ficar ideal. Em outros tempos, uma mãe ter e criar o filho por conta própria era uma desonra para a família e, muitas vezes carregada de preconceito e julgamentos contra a genitora. Será que essa situação realmente mudou com o passar das décadas? Ainda existem pessoas que buscam o modelo tradicional de pai e mãe para o seu bebê, outras preferem produção independente (e a medicina facilitou muito esse lado). No entanto, também existem as que até esperavam a figura paterna por perto, mas que por algum percalço da vida se viram sozinhas na criação dos pequenos.
Hoje eu apresento o relato de duas mães nessa situação que mostram, na realidade, os desafios de ser a única referência na vida dos filhos.
Marianna Menezes, 25 anos, Operadora de Telemarketing - Rio de Janeiro/RJ
Eu descobri que estava gravida da minha primeira filha com 18 anos, quatro meses depois de ficar noiva. Parecia que eu estava realizando um sonho, meu ex-marido "R." estava muito feliz, apesar de termos alguns problemas em casa. Comecei a fazer o pré natal, montamos o enxoval e três meses depois que ela nasceu eu casei. Passaram-se três anos e engravidei novamente. Nessa época estávamos passando por uma situação difícil, "R." ficou desempregado e não tínhamos casa própria. Éramos ele, uma criança pequena e eu grávida - só que tinha um porém: ninguém sabia da segunda gestação e a minha ex sogra veio de Araruama buscar a gente para morar lá, uma vez que não tínhamos condições de nos manter no Rio de Janeiro. Fui com o coração na mão deixando a minha vida e tudo o que era meu para trás. Fiquei lá por uns três meses escondendo a gravidez.
Uma vez voltei ao Rio de Janeiro para visitar a minha família e o "R." me ligou falando que não era para eu voltar mais. Me vi perdida pensando o que eu ia fazer da minha vida com a roupa do corpo, uma criança na mão e outra na barriga. Comecei a dar faxina e passar roupa para os outros para sustentar minhas filhas. Além disso, estava morando dentro da casa dos meus avós ouvindo poucas e boas. Passei fome, deixei de comer para dar para a minha filha só para não ter que ouvir gracinha de ninguém, pois depois que você sai da sua casa e volta, você não volta mais para sua casa e sim para morar de favor na casa dos outros. Até o dia que eu passei mal para ter minha segunda filha e ninguém sabia. Como eu ia falar? Como que eu ia pedir socorro? Chamei minha mãe, fui para o hospital e tive minha filha. Entrei no hospital ela não tinha nada. Saí de lá e já tinha tudo do enxoval. Vocês acham que foi o pai que deu? Que ele apareceu ? Não. Doação de outras pessoas.
Para registar a criança eu penei até convencê-lo. Quando minha filha completou sete dias eu arrumei um emprego no centro da cidade. Eu, cheia de pontos, saía de casa e ia trabalhar, final de semana passava roupa pra fora e vendia lanche à noite para não faltar nada para elas. Muitas pessoas te olham torto quando sabem que você é mãe solteira, na escola então...nossa! É difícil, tem que saber lidar, ainda mais porque o pai delas é super ausente. Faço o papel de pai, de mãe, de amiga e me orgulho cada dia mais e mais disso, não tem coisa melhor do mundo do que você ouvir do seu filho um "Eu te amo" ou "mãe não chora estou do seu lado". É difícil? É! Mas são elas que me dão forças todos os dias para levantar e seguir em frente. Sei que tive que me privar de sair e ir para a balada. Não é sempre que posso sair, não é sempre que posso comprar uma roupa nova, não é sempre que posso acordar tarde, mas não me arrependo de nada disso e passaria por tudo novamente. Eu não espero nada do pai delas, e sim delas. Espero que elas não guardem mágoas dele e que lá na frente, quando ele precisar, elas estendam as mãos e ajudem, não virem as costas como ele fez com elas.
Anna Catharina Miranda, 30 anos - Petrópolis/RJ
Não comecei como mãe solteira. Era praticamente casada
quando meu filho (Gabriel, hoje com 9 anos) nasceu. Me separei quando ele
tinha dois anos e essa fase foi realmente difícil para todos nós, mas principalmente
para ele, que não entendia porque agora papai e mamãe não podiam mais ficar sempre
no mesmo lugar. Passada essa fase, as coisas começaram a se
tranquilizar. Ele ficava com o pai fim de semana sim, fim de semana não e
também alguns dias durante a semana. O pai sempre foi exemplar e muito
presente. Conversávamos sobre a criação dele sempre, ainda que não nos déssemos
bem em determinados momentos. Não tinha
“justiça” no meio mandando que agíssemos dessa ou daquela forma. Ele me ajudava
com tudo sempre, inclusive financeiramente. Era tudo meio a meio (escola,
transporte, merenda, remédios etc) e via o Gabriel sempre que quisesse, nunca
dificultei o encontro deles. Acredito que esta seja a maneira mais fácil de
levar a vida para todos os envolvidos. As festas de aniversário eram sempre com
todos reunidos, o que o Gabriel sempre gostou. Mesmo que eu não estivesse muito
bem com o pai dele, não via o por quê de dificultar as coisas entre eles, não fazia
sentido pra mim. Amo meu filho e sempre quis que ele estivesse feliz
independente de qualquer coisa. Parte disso era a relação dele com o pai.
Sempre fui da opinião de que o pai tem tanto direito (e dever) de estar
presente para os filhos quanto a mãe.
Quando o Gabriel completou cinco anos, o pai dele faleceu. Foi realmente
uma tragédia em nossas vidas. Mudou tudo. Eu virei realmente mãe solteira, não
tendo mais com quem conversar sobre a criação do meu pequeno que eu amo tanto.
Isso foi realmente difícil e é até hoje. Não me sentia mãe solteira até esse
momento. As dificuldades de não ter o pai é que você passa a
realmente ser o centro de tudo relacionado ao seu filho. Você decide, você resolve
qualquer tipo de coisa e isso traz algumas angústias, mas não é o fim do
mundo! Continua sendo uma delícia ser mãe! Acredito que seja, sim, a maior das
realizações para uma mulher. A gente aprende demais com a maternidade, inclusive
a fazer VÁRIAS COISAS AO MESMO TEMPO!
O pai dele continua sendo um exemplo para a vida dele e o que
ele fez, resolveu e falou em vida, continua presente na vida do filho e ficará para
sempre graças às nossas conversas sempre presentes. Um conselho que eu posso dar para as mamães é que não
dificultem a vida dos seus filhos com os pais deles! É muito bom ter alguém para
dividir a responsabilidade, os problemas e as alegrias também! É claro que
existem variáveis que fazem com que isso não seja possível, mas se puderem, procurem
ser amigos! Se não for possível, pelo menos ter uma convivência o mais
harmônica possível, pelo menos que seja uma relação amistosa.
Vale a pena pelos nossos filhos!
Sabe Priscilla você me fez lembrar de um exemplo inverso, depois do que passei em 2008, no ano seguinte conheci um homem que era viúvo e tinha uma filha de três anos que era pequena, o conheci em 2009 pela internet na época ainda estava chocada com os últimos acontecimentos e receosa mas, gostei de conversar com ele, morava em Londres e me ligava, foi um homem incrível mas não conseguimos manter contato por não saber inglês, nossas conversas eram com dicionários, era engraçado mas, ele teve um toque especial, não tivemos mais do que conversas virtuais que me fizeram muito bem, foi uma pessoa incrível que conheci. Pretendo daqui a algum tempo adotar uma menina, já perdi a confiança de encontrar alguém mas, me sinto feliz com o desejo de adotar sozinha uma menina e ser feliz. Mil bjs.
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