Bravus Race RJ 2015

A Etapa Speed da Bravus Race, realizada no domingo (31 de maio), no Rio de Janeiro, continua surpreendendo. A prova recebeu seis mil corredores que enfrentaram 5 km ultrapassando 15 obstáculos de diferentes graus de dificuldade, mostrando muita força, disposição no Centro de Educação Física Almirante Alberto Nunes (CEFAN) e testando seus limites.

Com energia e doses cavalares de adrenalina, os competidores encararam desafios como lama, gelo e muitos muros, dando provas de preparo físico e mental - o que para este tipo de prova é fundamental.

Ao chegar no local, já ecoavam gritos de guerra dos grupos que vieram para o desafio, o que além de motivar cada equipe, deixava a atmosfera da arena com uma energia diferente das tradicionais corridas de rua. A Bateria 10, na qual eu e meu amigo (Isaac) largaríamos, foi chamada para o aquecimento e de lá fomos em direção ao pórtico de largada.

O início da prova foi tranquilo e logo surgiram os primeiros obstáculos, Campo Minado (passar por um caminho cheio de pneus) e Barricada (pular por um muro e passar por baixo de outro). O terceiro obstáculo foi o primeiro teste de força, Meia Tonelada, no qual o participante percorre um circuito carregando um saco de areia (aproximadamente 20 kg) - Neste ponto achei a prova um pouco discriminatória por parte da organização do evento, pois haviam montantes de sacos diferenciando os gêneros (na minha humilde opinião, tá na chuva é pra se molhar).

O quarto obstáculo era a tão temida Sibéria, e que este ano estava mais gelada do que em 2014. De longe já podia ser vista a fumaça branca saindo de dentro dos tanques. Um salto, um mergulho e uma saída rápida. Fiquei menos tempo do que na última edição, porém o choque do frio parecia durar muito mais tempo, chegava a doer. A corrida neste ponto passou a ser extremamente necessária para aquecer, mas não foi preciso nem alguns metros para a temperatura do corpo elevar novamente, pois o obstáculo seguinte era o Muro das Lamentações, com seus 2,20 metros de altura. Em 2014 o participante tinha que ultrapassar dois muros, já a versão 2015 a equipe Bravus Race mais que dobrou a quantidade - foram cinco! Aja fôlego, força e disposição.

A prova seguiu por um pequeno percurso até chegar em um pequeno barranco (proveniente do terreno) que não chegava a ser obstáculo, mas que deu trabalho para algumas pessoas. No alto deste trecho já era possível avistar o pórtico de largada, onde uma nova bateria se aprontava para iniciar a prova. A frente, o obstáculo Teia de Aranha, de grau fácil, que consiste em passar por baixo de uma rede. Em seguida, a novidade da Bravus 2015, o obstáculo Vertigem, também fácil, mas divertido, pois o corredor tinha que subir por uma rede e descer do outro lado, porém eu presenciei uma participante que simplesmente travou lá em cima e não saia por nada, até que um companheiro subiu novamente e a ajudou. Fácil para uns e terrível para outros, isso é Bravus!

O oitavo obstáculo chegou trazendo a tão esperada lama, o Vietnã. A versão atualizada trazia mais lama e diversão garantida para quem queria se sujar, mas era preciso se rastejar bem para não sofrer com o arame farpado a poucos centímetros do corpo. Com as mãos sujas o próximo obstáculo (e muito divertido) era também estreante da Etapa Speed, o Swing do Gorila, nele o participante tinha que ir de um ponto a outro pendurado em uma corda (o famoso passeio do Tarzan em meio aos cipós), apesar de ser rápido a vontade de refazer era grande, mas vida que segue e prova também, porque o décimo obstáculo seguia a linha de ficar pendurado. O King Kong desta vez parecia estar mais escorregadio que da última vez e a travessia de 12 metros passando pendurado pelas barras se tornou complicada, mas ainda sim, permaneci 100% nas atividades. Este obstáculo era temido pelo meu amigo e no último trecho escorregou e acertou a beirada da piscina que serve de segurança, ganhando alguns arranhões.

Para alguns participantes, o cansaço era visível e mal sabiam o que estava por vir. Eram três obstáculos sequenciais, sem dar tempo de descanso. O Presente de Grego veio como novidade na Etapa Speed e para passar dele, o corredor deveria carregar, por um circuito de areia, um balde cheio de pedras (aproximadamente 20 kg) segurando a frente do corpo. O detalhe que quem enchia os baldes eram os próprios participantes e mesmo assim, enchia com vontade (só dá louco!). O segundo obstáculo (12º geral) foi o Por um Fio, um muro de 5 metros no qual deveria ser ultrapassado com auxílio de uma corda. Em seguida, o tão esperado Monte Bravus, um half pipe de 4 metros de altura em que para chegar no topo é preciso velocidade, coordenação e cooperação da galera que já está lá em cima. Para alguns, a tarefa dá para ser cumprida diretamente, mas outros precisam daquela mão amiga para concluir a tarefa. Desta vez, precisei de apenas uma tentativa para obter êxito e assim pude ajudar alguns participantes. Foi em uma dessas ajudas (logo a do Isaac) que sofri um pouco, pois senti um contratura muscular (quando um músculo contrai-se de maneira incorreta e não volta ao seu estado normal de relaxamento), foi uma dor indescritível que me fez parar de fazer qualquer coisa, só pensava em descer e me jogar no gramado para tentar um alongamento, caso contrário, a prova terminaria ali tamanho era o desconforto. Alguns minutos, e alongamentos corretos, eu já estava pronto para continuar. Que alívio!

A prova já beirava o fim e um longo percurso de corrida estava à frente. Tudo para pegar um fôlego e se deparar com o obstáculo mais enlameado da competição, Serra Pelada. Esse foi o obstáculo para sujar, não há outra descrição. Cinco pequenos morrinhos de lama foram formados entrepostos com fossos de água barrenta e lama que prendiam o pé e dificultava a locomoção. Neste, a ajuda era essencial, não via forma de ultrapassar sem ajuda, pois a dificuldade era grande devido ao terreno ser escorregadio. No entanto, se tornava engraçado a cada vez que um dos participantes escorregava e afundava no fosso de lama, pessoas que você não conhecia riam por você estar completamente sujo e a diversão estava estampada no rosto de cada um, com a certeza que estava valendo a pena, apesar do trabalho que teríamos para tirar aquela quantidade de lama do corpo depois.

Os dois últimos obstáculos também eram sequenciais, o famoso 1000 volts que arrepia alguns participantes não parecia tão assustador, pois, pelo menos na minha vez, não funcionou. Eu cheguei a parar no meio do obstáculo e literalmente mexer nos fios e nada de choque, enfim, nada é perfeito. Em seguida o Fogo do Inferno que desta vez veio mais animador que a versão 2014 que apresentou uma fileira em brasa como obstáculo. Desta vez o desafio foi saltar por pedaços de toras de madeira em chamas, dando até para sentir o calor emanado por elas. Este obstáculo era antecessor a uma espécie de piscina (talvez para minimizar o excesso de lama) que não chegava a ser obstáculo, mas estava lá para fazer sua graça.

Um a um dos participantes completamente enlameados chegavam de mais uma bateria, ainda com fôlego e entusiasmo para motivar a bateria que estava prestes a largar. O momento agora era de curtir a diversão, nutrir o corpo e colocar a medalha no peito. Fotos e mais fotos eram registradas com a sensação do dever cumprido e a de que valeu a pena cada passo, medo, lama, sujeira, machucados, arranhões e o que mais os corredores conquistaram durante todo o percurso.

A minha opinião final sobre a Bravus Race 2015 - Etapa Speed não poderia ser outra: SENSACIONAL! A corrida é diferente do cotidiano de corridas de rua, é desafiadora e o que menos importa é o tempo de conclusão. É uma corrida no qual você precisa da cooperação de outros participantes, mostrando que não estamos sozinhos e que devemos ajudar e deixar ser ajudado pelo próximo, mesmo não os conhecendo. A vontade de correr novamente é grande e sei que estarei presente em outras oportunidades, pois o anseio de superar os desafios, literalmente, está no sangue.